O que é uma Empresa Humanizada? Para os autores do livro “Empresas Humanizadas – Pessoas, Propósito e Performance”, é uma instituição que se empenham através de suas palavras e ações para serem bem-vistas por todos os seus principais clientes, funcionários, fornecedores, comunidade e acionistas, aderindo os interesses de todos de tal modo que nenhum grupo ganhe acerca da desvantagem do outro; de preferência, todos prosperam juntos. 

Estas empresas distribuem para o mundo estilos de negócio mais conscientes, humanizados, inovadores e sustentáveis. São motivadas por paixão e por um plano transformador, e não por dinheiro. Elas criam impacto, prosperidade e agregam crescimento e responsabilidade social para todos os grupos envolvidos no empreendimento.

Tais instituições atuam de forma positiva para que as pessoas envolvidas as reconheçam, valorizem, confiem, admirem e até tenham uma relação de amor. Dessa forma, elas transformam o mundo em um lugar melhor pelo modo como fazem seus empreendimentos.

Em tempos de pandemia, cada vez mais empresas com práticas conscientes e humanizadas tem ganhado respeito do público e dos consumidores.

Pesquisa: Empresas Humanizadas no Brasil

A Pesquisa Empresas Humanizadas foi elaborada por Pedro Paro no seu trabalho de doutorado na EESC-USP, tendo como objetivo gerar um contraste ao noticiário negativo de escândalos de corrupção e lavagem de dinheiro ligando empreiteiras na Operação Lava Jato da época e disponibilizar às pessoas uma referência positiva por meio de exemplos inspiradores.

O estudo listou 1.115 empresas que aumentaram seus custos através da humanidade e que têm o capitalismo consciente como regra da sua atividade. A lista não tem caráter de ranking, dessa forma, ao contrário de incentivar condutas de competição entre as empresas, a finalidade do estudo é gerar inspiração, cooperação e distribuição de boas práticas.

Das 1.115 instituições escolhidas, 22 foram eleitas e julgadas como as mais humanizadas do mercado brasileiro. Para fazer as escolhas, Pedro escolheu quatro pilares baseados no livro Fundamentos do Capitalismo Consciente, como propósito maior, orientação para stakeholders, liderança e cultura consciente.

Quatro Pilares

1. Propósito Maior 

As companhias precisam ter um objetivo que ultrapasse a ideia de produzir lucro, mostrando a diferença que a organização procura fazer no mundo.

O objetivo é a ligação entre os recursos de uma instituição e as necessidades do mundo. Essa ideia se aplica tanto as pessoas quanto às empresas. Ele retrata a vocação organizacional, o momento exato onde o indivíduo é capaz de achar o real significado e a realização no trabalho. 

2. Orientação para STAKEHOLDERS

Stakeholders são todas os grupos de pessoas associadas e atingidas pelo empreendimento. A administração identifica a correlação presente entre os principais stakeholders e gera estratégias para criar valor compartilhado.

Possuir uma diretriz para responder às necessidades dos stakeholders é um modo de aproveitar para estabelecer a base da criação de valor em um comportamento estruturado, diferente do comportamento tradicional particular do custo exclusivo dos acionistas, voltado apenas na maximização do lucro.

3. Liderança Consciente

Os líderes ultrapassam o benefício próprio e são incentivados pelo propósito e serviço às pessoas, agem como autores: motivam e inspiram.

A liderança é necessária atualmente mais do que nunca, porém o antigo modo de liderar acabou. Ela precisa ser firmada em propósito, inspiração, cuidado e compaixão. A liderança consciente é completamente humana: engloba o masculino e o feminino, o coração e a mente, o espírito e a alma. 

Os líderes de verdade são colaboradores que buscam à liderança para ajudar a criar uma visão inspiradora do futuro e auxiliar as pessoas a chegarem lá juntas.

4. Cultura Consciente

Cultura são os princípios agregados, os ensinamentos e as práticas contidas na ordem social de um empreendimento, que atravessam suas ações e ligam os stakeholders uns aos outros e ao plano de negócio. 

Uma cultura consciente simboliza o envolvimento dos associados com o objetivo do negócio. Instituições que proporciona uma cultura com alto nível de confiança, efetividade, sinceridade e cuidados genuínos.

Exemplos de Empresas Humanizadas

Das 22 empresas escolhidas, a Blend Edu um orgulho gigantesco de ter a Reversa em seu portfólio de clientes. Dentre os cases delimitados na pesquisa, pincelamos 3 exemplos para compartilhar neste artigo:

a) SBIBAE – Sociedade Beneficente Israelita Brasileira Albert Einstein 

Desde o projeto de criação, a organização tem como princípio proporcionar uma rede hospitalar de referência como modo de compensar a gentileza da comunidade judaica pós migração no Brasil.

O intuito da organização é “entregar vidas mais saudáveis levando uma gota de Einstein para cada cidadão”. Os pilares da instituição são apoiados em quatro valores: boas ações, saúde, educação e justiça social.

b) Natura 

A Natura é movida por meio de sua Razão de Ser, que se baseia na origem e consumo de produtos e serviços que promovam o bem-estar/estar bem. O bem-estar está relacionado à “relação harmoniosa, agradável do indivíduo consigo mesmo, com seu corpo”. E o estar bem, está relacionado à “a relação empática, bem-sucedida, prazerosa, do indivíduo com o outro, com a natureza da qual faz parte, com o todo”. 

c) Grupo Boticário

O Grupo Boticário trabalha direcionado por um objetivo de “criar oportunidades para a beleza transformar a vida de cada um e assim transformar o mundo”, e concebendo resultados para acionistas, parceiros comerciais e franqueados. O grupo considera que “trabalhando junto com nossa cadeia de valor, nossa visão de sustentabilidade se multiplica”. 

Diante disso, a instituição procura realizar uma gestão sustentável do começo ao fim de seu trabalho, incluindo fornecedores, franqueados, consumidores e sociedade. O objetivo do grupo é que, até 2024, 100% dos produtos cosméticos, embalagens e processos de fabricação das marcas próprias sejam ambientalmente corretos.

Pedro acredita que se as palavras movem e os exemplos arrastam, mostrar os bons exemplos pode inspirar uma transformação no Brasil. Instituições que criam negócios da maneira correta, são morais, genuínas, fazem do planeta um lugar melhor e, simultaneamente, são mais lucrativas que as outras.

Empresas Humanizadas na Quarentena

No período da quarentena ocasionada pela pandemia do Covid-19, algumas empresas ganharam destaques pelas suas medidas tomadas em relação ao isolamento social, umas com menções positivas e outras negativas.

O empresário Júnior Durski, dono dos restaurantes Madero, postou em suas redes sociais um vídeo criticando o isolamento social e ainda disse “Não podemos parar por 5 ou 7 mil pessoas que vão morrer”, frase essa que teve uma repercussão muito negativa sobre seus estabelecimentos.

Tal decisão custou caro para o empresário. Depois de demitir mais 600 funcionários o número de menções negativas aumentou ainda mais, de acordo com as amostragens analisadas manualmente pelo Brand24 67% delas são negativas.

Já o Outback um dos maiores concorrentes do Madero no país, escolheu utilizar um método diferente. Ele resolveu doar ovos de páscoa para os mercadinhos revenderem, ajudando cerca de 200 pequenos negócios que foram prejudicados com a crise da COVID-19.

Diferente do Madero, as menções do Outback que também subiram no mesmo período foram positivas, cerca de 74% das amostragens.

Uma empresa executa função social, com isso, a repercussão das decisões nesse campo é transmitida para a visão que as pessoas têm sobre o negócio. Não levar isso em consideração, pode causar um prejuízo gigantesco para a empresa.

Os resultados alcançados tanto na pesquisa do Pedro Paro, quanto das menções das empresas em período de quarentena, comprovam que empresas humanizadas naturalmente são mais lucrativas, e geram regras drasticamente novas, criando um novo significado de sucesso nos negócios: o valor compartilhado.