De acordo com o Fórum Econômico Mundial, a empatia está dentre as 10 habilidades mais importantes para enfrentar os desafios e complexidades do mundo contemporâneo, principalmente no ambiente de trabalho.

A informação é do estudo “O Futuro do Trabalho”, que destaca competências como flexibilidade, capacidade de adaptação, colaboração com outras pessoas da equipe e facilitação de processos, como elementos fundamentais para o desenvolvimento das empresas. 

Quando falamos sobre Diversidade e Inclusão, a empatia é uma das principais aliadas nesse processo. Principalmente porque, para alcançar mudanças, é necessário que toda a empresa, especialmente a liderança, esteja comprometida a ampliar sua visão de mundo e ouvir histórias de diferentes perceptivas, que antes eram desconhecidos.

Pra começar a estabelecer transformações efetivas e de longo prazo em prol de uma cultura mais inclusiva, se faz necessário desconstruir certos vieses e ouvir quais dores afetam outras pessoas. Sem a compreensão, não há diálogo. E a empatia é uma grande chave para estimular que a construção de um ambiente mais seguro e inclusivo.

Empatia: qual é a definição dessa habilidade

Segundo o filósofo e escritor Roman Krznaric, em seu livro “O Poder da Empatia”, que é uma das principais referências a respeito desse tema, ele define o conceito como:

“A arte de se colocar no lugar do outro por meio da imaginação, compreendendo seus sentimentos e perspectivas e usando essa compreensão para guiar as próprias ações”.

O autor diz que a empatia é uma forma de compartilhar a humanidade e desenvolver conexões, inclusive, como uma maneira de superar barreiras. 

Ou seja, resumidamente o conceito de empatia perpassa a ideia de que para empatizar com outra pessoa, precisamos nos desprender dos nossos próprios conceitos e visão de mundo para estarmos aptos a desenvolver essa conexão. E você sabia que existem pelo menos três tipos de empatia? Confira mais detalhes sobre cada um e qual a importância de desenvolvê-los!

Quais são os tipos de empatia existentes?

Os psicólogos Daniel Goleman e Paul Ekman dividem o conceito de empatia em três categorias:

  • Empatia cognitiva

Trata-se da capacidade de entender como uma pessoa se sente e o que ela pode estar pensando. Basicamente, podemos relacionar como a ideia de “se colocar no lugar do outro”. A empatia cognitiva nos torna melhores comunicadores, porque nos ajuda a transmitir informações da maneira que melhor alcança a outra pessoa, tornando a mensagem mais direcionada. É uma habilidade que pode ser muito útil para motivar e negociar com outras pessoas, dado que exige uma boa percepção sobre o que está acontecendo com quem está ao seu redor.

  • Empatia emocional

Conhecida também como empatia afetiva, é a capacidade de compartilhar os sentimentos de outra pessoa. Alguns o descreveram como “sua dor no meu coração”, quase como se a pessoa estivesse fisicamente conectada com a dor de outra. E por isso, pode ajudar a construir conexões emocionais com os outros. Entretanto, por exigir um alto nível de autoconhecimento e autorregulação emocional, também é considerada como uma das formas de conexão empáticas mais difíceis de estabelecer.

  • Empatia compassiva

Por fim, a empatia compassiva, é a habilidade que vai além de simplesmente entender os outros e compartilhar seus sentimentos: é a que nos leva a agir. Resumidamente, trata-se de uma motivação em ajudar outra pessoa, depois de compreender sua situação. Ou seja, quando a pessoa percebe que alguém precisa de ajuda e se coloca à disposição. Também é conhecida como preocupação empática.

Existe uma grande nuance e diferença entre cada uma delas, e por isso é tão importante nomear e separá-las, para entender qual o próximo ponto de partida. Vamos exemplificar?

Digamos que após realizar uma pesquisa interna, a liderança de uma empresa identifica que determinadas pessoas, que representam um grupo socialmente minorizado, não se sentem pertencentes àquele ambiente. Porém, mesmo após terem identificado o problema e dizerem que compreendem a situação, nenhuma mudança significativa é feita. Ou seja: o processo empático para pela metade.

E para uma empresa se tornar realmente diversa e inclusiva, trabalhar a empatia de todas as pessoas que fazem parte do time, é uma das principais ferramentas para implementar mudanças estruturais — principalmente culturais.

Qual a importância das organizações desenvolverem a empatia no trabalho?

Desenvolver essa habilidade é uma maneira de tornar os espaços mais seguros para o diálogo, para a construção de pontes e a propagação de ideais.

E uma empresa com equipes mais empáticas também se traduz em ambientes mais prósperos para crescer e gerar maior retorno financeiro, confira alguns dados:

  • A Businessolver, idealizadora do “State of  Workplace Empathy Study”, realizou um levantamento em 2019, nos Estados Unidos, para avaliar o estado de empatia nos locais de trabalho americanos entre profissionais de RH e CEOs. A pesquisa relevou que, cerca de 90% dos funcionários acreditam que a empatia é um importante valor no local de trabalho, e que 8 em cada 10 estão dispostos a deixar um empregador que não é empático.
  • Segundo dados da Empathy Monitor (2017), 77% dos funcionários entrevistados estariam dispostos a trabalhar mais horas em um local de trabalho mais empático.
  • Além disso, 92% dos profissionais de RH observaram que um ambiente de trabalho mais compassivo é um fator fundamental para a retenção dos funcionários. Ou seja, um local mais empático, contribui diretamente com o engajamento, produtividade e lealdade dos funcionários.

A pandemia derivada da Covid-19 despertou, em todas as esferas sociais, a importância e necessidade de exercer a empatia, principalmente quando falamos das relações de trabalho.

De acordo com a pesquisa “Empathy in Business Survey”, da consultoria EY, feita nos Estados Unidos, dos mil empregados entrevistados 54% deixou o emprego anterior porque o chefe não demonstrava empatia em relação as suas lutas no trabalho ou por suas vidas pessoais (49%).

“Nossa pesquisa descobriu que a empatia não é apenas algo bom de se ter, mas é o acelerador para a transformação na próxima era dos negócios. A capacidade da empatia de criar uma cultura de confiança e inovação é incomparável, e essa característica, antes esquecida, deve estar na vanguarda dos negócios em todos os setores.” – afirma Steve Payne, vice-presidente de consultoria empresa.

O levantamento também aponta que 88% dos profissionais acreditam que a liderança empática inspira mudanças positivas no ambiente de trabalho e 87% deles dizem que a habilidade permite maior confiança entre funcionários e líderes. Quer saber como desenvolver uma liderança mais empática e inclusiva? Saiba mais aqui.

A empatia no ambiente de trabalho nos torna inovadores

Em artigo escrito para o MIT Technology Review, Andrea Iorio, autor Best-Selling, palestrante, escritor sobre Transformação Digital, professor de MBA e colunista da revista, afirma que muitas vezes, para inovar não é necessário inventar algo novo, e que, na verdade, a inovação nasce da resolução da dor de um cliente. E para isso, é preciso ter empatia.

Em seu texto, o autor explica sobre como essa habilidade está ligada ao processo de inovação, dado que muito do que precisa ser feito, é ouvir seus stakeholderes e compreender quais necessidades e dores os afetam:

“A inovação é o resultado e a consequência natural de ter em mente os interesses das pessoas que você atende, e veja bem: a empatia torna você um inovador melhor, porque se você olhar para os produtos de maior sucesso no mercado, verá que vêm com a capacidade dos inovadores de atender às necessidades não atendidas e não articuladas dos clientes. Ou seja, através do exercício da empatia.”

Em um Ted Talk feito por Tom Kelley, cofundador do escritório de design IDEO, o empresário conta a história de Doug Dietz, um designer de sucesso que enfrenta uma situação inesperada.

Doug tinha desenhado uma máquina de ressonância magnética para um hospital infantil, e tanto ele quanto o cliente estava satisfeitos com o resultado, até o momento em que foi ao hospital ver o funcionamento do aparelho.

Lá, ele percebeu que as crianças saiam assustadas e chorando da sala após o exame, e que em muitos casos, precisavam ser sedadas. Após investigar, Doug percebeu que a máquina era muito grande, intimidadora e barulhenta. O problema estava não estava no design do aparelho, mas sim na questão de não ter considerado o ponto de vista das crianças, que seriam as que usariam o aparelho. Confira o vídeo completo:

Como sua empresa pode trabalhar essa habilidade com os colaboradores?

Para desenvolver uma cultura empática, antes de mais nada, é preciso engajar a liderança nesse processo.

Mas sabemos que começar qualquer transformação exige muito planejamento e engajamento das equipes, e o caminho a seguir para construir esse processo pode não ser tão simples.

Pensando nisso, a Blend Edu criou o Laboratório da Empatia. Esse projeto surgiu com o objetivo de aprofundar debates e reflexões para despertar um comportamento mais empático e inclusivo, por meio de uma experiência sensorial e imersiva.

Acreditamos que a empatia pode transformar as relações interpessoais, e, consequentemente, a cultura de uma empresa. E, por isso, desenvolvemos essa ação, com foco em proporcionar uma imersão por meio de histórias que inspiram mudanças e criam um senso de engajamento.

E para propor uma experiência interseccional e com perspectivas diversas, fizemos esse projeto por meio da seleção de histórias de pessoas com vivências completamente diferentes.

Como funciona na prática? Cada pessoa da história é representada simbolicamente por uma peça de roupa, para trazer a ideia de que o item representa a ação de “se colocar” no lugar do outro e conhecer o mundo através de uma outra perspectiva. O intuito é que os colaboradores da empresa escolham algum item, seguindo sua intuição sem qualquer julgamento do que vai ouvir, coloquem o fone de ouvido e escutem a história em questão, para proporcionar um momento de reflexão.

Recentemente, em parceria com a empresa Ipiranga, realizamos uma versão online do Laboratório da Empatia, como forma de democratizar nossos conteúdos e soluções. Confira alguns depoimentos de colaboradores da empresa direcionados às pessoas das histórias:

“Obrigado pela sua história. Acredito que sua atitude de vir aqui falar sobre preconceito racial vai motivar e contribuir para mudanças de comportamento da sociedade. Concordo contigo que a educação é uma pauta importante e necessária para dar velocidade a esse processo de mudança.” – Junior*.

“Fernando*, sou branca e jamais terei seu “lugar de fala” mas acredito fortemente que temos que construir uma sociedade com valores e cultura diferentes em relação a este tema. Sou muito atenta ao tema e tento influenciar os outros sempre que posso. Só vai dar certo, se todos formos juntos!” – Bianca*.

“Oi , Carla, me identifiquei muito com sua história, infelizmente seu caso não é isolado, e nós mulheres temos que provar diariamente que podemos ser mães e profissionais ao mesmo tempo. Excelente esse Laboratório de Empatia. Seria maravilhoso se tivesse a participação de todos, principalmente dos líderes. Agradeço por essa oportunidade de dividir sua história!” – Fernanda*.

*Alteramos os nomes das pessoas das histórias e dos colaboradores que enviaram as mensagens para preservar a identidade de cada um.

Lembrando que a Blend Edu atua por meio de diversos pilares, seja por meio de experiências sensoriais e imersivas, assim como cursos, palestras, workshops, além de diagnósticos e consultoria estratégica.

Tem interesse em realizar essa ou alguma outra ação com a gente? Fale conosco pelo contato@blend-edu.com ou preencha o formulário abaixo que retornaremos sua mensagem.