Antes de tudo: O que é o autismo?

Segundo dados do CDC (Center of Deseases Control and Prevention), a estimava é que atualmente existam cerca de 2 milhões de pessoas autistas somente no Brasil.

O Transtorno do Espectro do Autismo (TEA), caracteriza um desenvolvimento anormal ou alterado, que se manifesta antes da idade de três anos e apresenta uma perturbação característica das interações sociais, comunicação e comportamento. A Lei Nº 12.764, de 27 de dezembro de 2012 instituiu a Política Nacional de Proteção dos Direitos da Pessoa com Transtorno do Espectro Autista (TEA).

Autismo no Brasil

Estima-se que 70 milhões de pessoas no mundo vivam com essa condição, sendo 2 milhões delas no Brasil. No ano passado, foi sancionada a Lei 13.861/2019, que obriga a inclusão, nos censos demográficos, de informações específicas sobre pessoas autistas. O motivo é a inexistência de dados oficiais sobre as pessoas com transtorno do espectro autista (TEA) no Brasil.

Em 2020, pela primeira vez, a comunidade envolvida com a causa do autismo no Brasil, segue em uma campanha nacional (que engloba também o ano de 2021, com tema único: “Respeito para todo o espectro”, para celebrar a data, usando a hashtag #RESPECTRO nas redes sociais. O objetivo da campanha é conscientizar a população a respeito das enormes diferenças em relação à maneira como o Transtorno do Espectro do Autismo (TEA) afeta cada indivíduo.

Você conhece este símbolo?

Símbolo do autismo.
Símbolo do autismo alvo de críticas da comunidade autista.

A fita quebra-cabeças é um símbolo comumente usado para representar o autismo. Ele foi popularizado pela organização Autism Speaks, empresa dos Estados Unidos que atua com foco no autismo há muitas décadas.

Entretanto, a companhia é fortemente criticada por questões como: comparar o autismo com câncer infantil, diabetes e AIDS, não usar nem 2% dos lucros em prol dessas pessoas e, principalmente, por contribuir com a estigmatização e patologização do autismo.

Além disso, também reforçam um discurso e conduta extremamente capacitista. Por isso, o símbolo é fortemente criticado. Além dos pontos citados acima, confira outros tópicos que levantam o questionamento do uso da fita:

Figura do quebra-cabeça: a imagem é usada para definir a “complexidade do autismo e seus diferentes espectros que se encaixam formando o TEA”, o que reforça a ideia de que pessoas autistas são difíceis de lidar e que existe uma “cura” para ela.

Cor azul: algumas pessoas autistas também criticam o uso dessa cor, já que foi escolhida para “representar a maior incidência de casos no sexo masculino”, de acordo com argumentos da própria organização, ideia que reforça um estereótipo de gênero.

Então qual símbolo adotar? O logotipo da neurodiversidade , um sinal do infinito do arco-íris, é uma imagem que vem sendo adotada como alternativa para a figura do quebra-cabeça, pois celebra a diversidade e esperança.

símbolo do infinito nas cores do arco-íris para representar a neurodiversidade

O símbolo foi cunhado pela autista e socióloga australiana Judy Singer, em 1999, para “representar a ideia de pluralidade neurológica, e pensar a existência de um movimento social de minorias neurológicas que incluiria também o movimento de direitos do autismo”.

Para todos os efeitos legais, o símbolo da fita é constantemente divulgado e usado, e muitas pessoas o reconhecem, especialmente em locais que a pessoa autista pode contar com recursos de acessibilidade cognitiva ou prioridade no atendimento. Entretanto, a reflexão sobre seu uso se faz necessária para promover maior conscientização sobre o tema, e apoiar de maneira devida a comunidade autista.

O que você precisa saber para incluir e respeitar pessoas no espectro autista no ambiente de trabalho

O 8º Objetivo de Desenvolvimento Sustentável da ONU, “Trabalho decente e crescimento econômico”, é promover o emprego pleno e produtivo e o trabalho decente para todos, incluindo pessoas com deficiência.

A estimativa é de que existam 70 milhões de autistas no mundo. Somente no Brasil, cerca de 85% dessas pessoas estão desempregadas; 70% dos autistas sofrem com depressão e ansiedade. Por, isso, separamos 7 informações que você precisa saber para incluir pessoas autistas no seu trabalho.

1. O Autismo não está relacionado, necessariamente, à deficiência intelectual: segundo a literatura científica, uma pessoa com TEA também pode apresentar deficiência intelectual, como também outras condições singulares.

2. Não chame de “doença”, o termo correto é “espectro”: O TEA também é chamado de Desordens do Espectro Autista e recebe o nome de espectro (spectrum), porque envolve situações e apresentações muito diferentes umas das outras, numa gradação que vai da mais leve à mais grave. Todas, porém, em menor ou maior grau estão relacionadas, com as dificuldades de comunicação e relacionamento social.

3. Pratique a empatia: Você deve agir naturalmente ao dirigir-se a uma pessoa com TEA. Pessoas no espectro autista podem apresentar dificuldades na fala e de interação social, exercer a empatia e atenção plena é um fator determinante para a inclusão de pessoas autistas.

4. A pessoa com TEA deve ser alocada nos ambientes menos barulhentos: Sua inserção ao ambiente novo deve ser construída com horário reduzido com progressivo aumento até que se sinta adaptada às rotinas e às pessoas que farão parte do seu convívio;

5. Respeite o tempo: Algumas pessoas com TEA falam pouco ou demoram a responder. Outras, ao contrário, gostam de falar e algumas apresentam uma fala mais repetitiva. Não se deve inibir a fala ou forçar interação.

6. Evite os estereótipos: É comum associar pessoas com TEA com habilidades tecnológicas, por exemplo, devido a alguns estudos que mostram que pessoas no espectro autista apresentam maior atividade elétrica nas regiões temporais e occipitais do cérebro, responsáveis por processar estímulos visuais. Mas, isso não deve ser uma regra ou um rótulo.

7. Não fale “pessoa com autismo” o correto é autista: muitas pessoas autistas consideram essa forma de expressão ofensiva, porque o autismo não é algo que elas “têm”, e sim faz parte de quem são, de sua identidade.

Filmes e documentários que abordam o TEA

Capa da Série Atypical, a imagem destaca o personagem principal da série em um fundo azul.

1. Atypical: A série acompanha a jornada de um adolescente que está no espectro do autismo. Neurodiversidade é um dos assuntos da vez no mundo corporativo. Não deixe de assistir!

2. Amor no espectro, o autista e as questões do coração: Essa série documental que é, basicamente, um reality show, se faz a seguinte pergunta: como autistas com dificuldades sociais encontram o amor?

3. O Garoto que podia voar: Girando em torno do autismo não-verbal, o filme apresenta a história de Eric Gibb, um adolescente autista que sonha em voar. Com uma guinada mais poética, a obra brinca com a ideia das pessoas começarem a achar que ele pode voar quando ele salva sua vizinha Milly de uma queda.

4. Flutuar e Fitas, os curtas da Disney: Flutuar é sobre um pai que descobre que o filho consegue flutuar. Mas isso é muito diferente e o pai começa a vivenciar os olhares estranhos porque seu filho é diferente de todas as outras crianças. O curta não é exatamente sobre autismo, mas inspirado pelo TEA. É o que afirmou o diretor e roteirista Bobby Rubio, que tem um filho autista e quis contar como são as coisas pelo ponto de vista do pai. Já o segundo, Fitas, aborda de fato características do autismo nas questões da fala e da socialização. O filme se desenrola durante um passeio de canoagem entre um garoto e uma menina autista que não se comunica com palavras. Uma curiosidade bacana sobre Fitas é que o estúdio consultou pessoas envolvidas com o autismo durante a produção.

5. Stimados Autistas: documentário brasileiro, dirigido pelo diretor Cristiano de Oliveira, lançado em 2020. O filme fala sobre adultos autistas diagnosticados tardiamente, onde contam suas experiências de como foi crescer sem o diagnóstico. O título é um trocadilho com a expressão “Stim”, em inglês, usada para caracterizar comportamentos repetitivos e estereotipados, com a palavra “estimados”.