Organizações diversas são mais inovadoras e lucrativas.

Em 2020, esta afirmação já é amplamente defendida mundialmente e dificilmente refutada pelas organizações, já que existem inúmeras pesquisas de consultorias internacionais no mercado (Accenture, Harvard Business Review,  McKinsey & Company, dentre outras) que comprovam os impactos diretos da gestão da diversidade nas organizações na aceleração da inovação e dos lucros.

Mas ainda não conseguimos furar a bolha do área de gestão de pessoas (RH). Isto é, em grande parte das empresas, as áreas de diversidade e inclusão continuam ainda muito restritas, raramente conseguem adentrar os demais departamentos e muito menos consolidar-se como estratégia de business e inovação de longo prazo, como área fundamental para a sobrevivência das organizações em cenários futuros.

A pergunta que não quer calar: mas como romper essas bolhas? Você pode estar se questionando. Talvez os futuristas possam trazer indícios importantes sobre os novos contornos da diversidade e inclusão nos cenários futuros. Afinal, o futuro já chegou.

Futurismo e diversidade, quais as relações?

Previsão do futuro x criação de cenários

Quando falamos em futurismo, muitas imagens de ficções científicas e super poderes podem vir à mente, a luta pela sobrevivência da espécie humana e outras guerras catastróficas envolvendo inteligência artificial e novas tecnologias.

Esse é o universo imaginário muitas vezes relacionado ao Futurismo – termo que também designa o movimento artístico e literário que surgiu em 1909 com o Manifesto Futurista, de Marinetti. 

O futurismo que utilizamos neste artigo é o que se refere:

A disciplina que investiga, explora, traduz e acelera as possibilidades de um futuro pós-emergente, ou seja, de cinco a 10 anos. Sua proposta é observar como as evidências (passadas e presentes) encontradas na ciência, na tecnologia e no empreendedorismo (ou negócios em geral) podem afetar a cultura, os novos comportamentos e as novas estruturas da sociedade. Seu objetivo é aumentar a consciência da sociedade ajudando-a a tomar decisões que geram impacto positivo tanto hoje quanto amanhã.

Essa área de pesquisa começou a ser aplicada no século XX, nos estudos do pós-guerra, e teve seu primeiro instituto de pesquisa fundado em 1968, em Palo Alto, o Institute For The Future (IFTF), que continua sendo umas das principais referências mundiais. O IFTF é uma organização sem fins lucrativos e, apesar do que sugere o nome, o Instituto não prevê o futuro — e nem acredita que isso é possível.

Dessa forma, futurismo não tem a ver com previsões fatalistas sobre a espécie humana, é na verdade, uma projeção sobre a sociedade, que pode ser aplicada em diferentes áreas: de política e economia, às novas formas de trabalho e comportamento do consumidor. Em tempos de crise e incertezas sociais, o futurismo emerge com mais força e relevância no mercado, procurado pelas organizações que desejam reduzir os riscos das incertezas e antecipar tendências de produtos e serviços em um mundo VUCA.

2020: o ano VUCA 

2020 chegou para nos mostrar que precisaremos do futurismo e suas ferramentas para nos adaptar a cenários cada vez mais voláteis, incertos, complexos e ambíguos. A pandemia do novo coronavírus acelerou os debates sobre gestão de pessoas, novas profissões e formas de trabalho, colocando em xeque modelos consolidados pelas organizações e apontando novos formatos de negócios.

Tão logo a crise tomou formas mundiais, valores como solidariedade e cooperação ganharam espaço, servindo como melhor alternativa para a superação desse cenário desolador. As organizações foram obrigadas a recorrer à empatia e diversidade para sobreviver frente a uma situação que exigia tomadas de decisões urgentes e altas doses de flexibilidade.

Leia mais em: Blend convida: Empatia, diversidade e inclusão nas empresas, por Revista HSM Management e Tribo

Hoje, mais do que nunca, o futurismo emerge como possibilidade concreta para as organizações se reestruturarem diante de novos paradigmas de mercado, que colocarem em xeque os antigos processos e modelos de gestão que não acompanharem as mudanças sociais introduzidas em 2020. Uma dessas grandes mudanças diz respeito ao processo de diversidade e inclusão nas organizações, que precisará estar cada vez mais alinhado às tendências do mundo e ao core business para garantir a existência a longo prazo em mercados futuros.

Mas, afinal, como aplicar essa lógica futurista na maneira que pensamos na gestão da diversidade?

Não existe uma resposta única para essa pergunta, no entanto, o Institute For The Future dá algumas pistas. Ele acredita no poder das previsões (foresight) para gerar insights e ideias de como agir no futuro.

O modelo do Institute For The Future (IFTF) e como ele pode ser aplicado à gestão da diversidade:

O trabalho do IFTF consiste em analisar tendências e, principalmente, disrupções que estão por vir e quebram os padrões já estabelecidos na sociedade. Para eles, analisar tendências pode levar à inovação (o que é ótimo), mas analisar rupturas leva à inovação radical. Nesse vídeo, Jeremy Kirshbaum, gerente de pesquisas do IFTF, compartilha um pouco da sua visão sobre “Trabalho e Tecnologia” durante o evento Social Good Brasil:

O Instituto destaca 4 elementos principais que permeiam os modelos contemporâneos de negócios, e que também são explicados pela Aerolito (empresa brasileira fundada pelo Tiago Mattos, um dos principais futuristas em território nacional):

  1. Engajamento: este elemento representa mais do que só manter as pessoas engajadas e produtivas. O objetivo de pensar ações e negócios com engajamento é que ela faça ou crie um movimento. Ou seja, que as pessoas possamos trabalhar por algo que possa gerar um impacto positivo no mundo em que vivemos. Neste sentido, precisamos construir um programa de diversidade que possa viabilizar o engajamento das pessoas para deixar um legado tangível e claro para a sociedade.
  2. Abertura: abertura significa que, ao construir um movimento sólido e que estimula o engajamento, as pessoas terão a possibilidade de fazer parte dessa rede e poderão contribuir com negócio/projeto/programa. Por exemplo, a Blend Edu possui uma equipe core (time principal) e uma rede de facilitadores, ou seja, pessoas que alocamos sob demanda em projetos educacionais de acordo com a demanda das organizações clientes ou parceiras. Estes facilitadores compartilham o nosso propósito, nossos valores, possuem diferentes expertises e lugares de fala. Ao trabalhar assim (em rede e de forma colaborativa) potencializamos o impacto que podemos gerar por meio dos nossos projetos educacionais.
  3. Frameworks: para gerenciar a abertura (citada acima), precisamos de frameworks, ou seja, de guidelines (guias de conduta) e formas de apoiar a resolução de um problema a partir de premissas pré-estabelecidas. O objetivo do framework é que seu projeto mantenha qualidade, com maior autonomia e com menor nível de controle.
  4. Sociedade: este elemento destaca a lógica de olhar para a comunidade com uma visão de ganha-ganha, um olhar de abundância. Ou seja, os participantes do seu projeto/negócio/produto devem ganhar com as conexões e com o que a comunidade gera.

Além de abordar estes elementos, o IFTF também destaca algumas habilidades no seu estudo “Future Work Skills (2020)”, conforme o mapa mental abaixo:

Mapa mental do Institute For The Future com habilidades importantes para o mundo do trabalho em 2020

Observe que a imagem acima fala de aspectos como:

  • Inteligência social: nossa habilidade de se conectar com as pessoas de uma forma profunda e direta, para sentir e estimular interações.
  • Competência cross-cultural: nossa habilidade de operar e trabalhar em diferentes contextos culturais (seja dentro de uma mesma cidade, região, país ou continente).
  • Transdisciplinaridade: habilidade de compreender conceitos que perpassam múltiplas disciplinas.
  • Curadoria (gerenciamento cognitivo): a habilidade de selecionar e filtrar as informações de acordo com seu grau de importância, maximizando a capacidade cognitiva a partir de diferentes ferramentas e técnicas.
  • Colaboração virtual: habilidade de trabalhar de forma produtiva, estimular engajamento e estar ativo como membro de uma comunidade/time virtual.

Todos os pontos acima podem (e devem) estar intimamente relacionados com a forma que desenhamos ações e soluções para os problemas de diversidade. Não é à toa que o próprio relatório Future Work Skills diz:

“Diversidade irá, portanto, se tornar uma competência core para as organizações ao longo das próximas décadas.”

Uma solução em linha com o pensamento futurista: Diversidade SA

Foi entendendo esse contexto, que a Blend Edu idealizou um produto completamente inovador: o Diversidade SA. Ele reflete vários dos princípios futuristas do IFTF, pois:

  • Objetivo: O Diversidade SA foi criado para para apoiar as organizações que querem construir uma cultura inclusiva (ou seja, busca gerar engajamento entre organizações que compartilham essa visão e esse valor).
  • Quem pode participar? Qualquer organização no Brasil pode participar (independente do porte, indústria ou grau de maturidade do programa de diversidade), desde que sigam as premissas e princípios da comunidade (frameworks). Com isso proporcionamos abertura, escalabilidade e democratizamos o acesso à esse tipo de conteúdo educacional.
  • Como funciona? A empresa faz assinatura de um plano anual (tendo direito a um número específico de usuários, que serão seus embaixadores/líderes de diversidade) para fazer adesão ao movimento e ter acesso a uma comunidade virtual de aprendizagem, onde todas os usuários terão acesso à nossa curadoria de conteúdos, treinamentos ao vivo e on demand, bem como uma rede social (onde as pessoas podem criar e participar de fóruns de discussão, enquetes, etc.).
  • Este é um produto com uma lógica de colaboração virtual, em que usuários das diferentes empresas assinantes estarão no mesmo ambiente educacional, trocando boas práticas, insights e informações que possam apoiar as organizações a construir melhores programas de diversidade.

Que saber mais sobre o produto e registrar seu interesse? Clique aqui: www.blend-edu.com/diversidade-sa

3 insights sobre a diversidade no futuro

1. A diversidade é inevitável

À medida que as pautas dos grupos minorizados vão se fortalecendo, o desequilíbrio de oportunidades fica cada vez mais evidente e a sociedade começa a se questionar sobre a ausência dessas pessoas nos espaços. O questionamento que devemos nos fazer para reduzir esses espaços de exclusão é: quem não está? Significa olhar para o lado e perceber que há apenas 13% de mulheres como presidentes nas organizações (Pesquisa Panorama Mulher 2019) e que elas somam apenas 25% da força de trabalho da indústria digital. (ONU Mulheres Brasil).

2. Performance de equipes

Equipes heterogêneas têm maior facilidade para solucionar problemas complexos. Enxergar os desafios por mais de uma lente traz novas perspectivas e caminhos para soluções inovadoras – é desta forma que agem as equipes que possuem integrantes com diferentes backgrounds, que vão desde à diversidade de pontos de vista e vivências, a geracionais, identitárias, de gênero, raça e deficiências.

3. Novas tecnologias

O Futurismo pensa as sociedades através da tecnologia que expande a capacidade humana. Esse é o caso do ciborgue Neil Harbisson, que nasceu com acromatopsia, uma anomalia que o fazia enxergar apenas em tons de cinza. Com a ajuda da tecnologia, passou a ouvir as cores através de um olho biônico (que parece uma antena) instalado atrás da cabeça, que transmite a frequência das cores pelo crânio.

Ou seja, para encontrar soluções criativas e inovadoras, os future studies nos dão uma importante orientação: precisamos estourar a bolha da diversidade para criar soluções cada vez mais disruptivas, digitais e inovadoras.