Admitir que existe racismo no Brasil ainda é um tabu para uma grande parcela da sociedade. As pessoas desconhecem conceitos e não se atentam para o problema,  reproduzindo, enquanto instituições ou individualmente, ações discriminatórias.

Apesar do desconhecimento, os números não mentem e trazem à tona que precisamos tomar medidas em prol da igualdade racial no Brasil. 

Segundo o FAQ (Perguntas Frequentes) sobre racismo:

  1. a chance de um negro ser analfabeto é 5 vezes maior que a de um branco;
  2. 63,7% dos desempregados no Brasil são pretos ou pardos;
  3. mais de 50% dos negros não têm acesso à internet;
  4. os negros representam 61,6% da população carcerária brasileira;
  5. uma em cada quatro pessoas com ensino superior no Brasil é negra;
  6. pretos e pardos recebem, em média, R$1531 – quase a metade do rendimento médio dos brancos, que é de R$2757;
  7. quase 40% dos negros que vivem em áreas urbanas não possuem esgoto encanado;
  8. a cada 23 minutos uma pessoa negra é assassinada no Brasil.

Uma das principais ferramentas contra a discriminação racial é a informação. Pessoas não-negras bem informadas podem se tornar grandes aliadas no combate ao racismo. Além disso, empresas mais conscientes melhoram sua tomada de decisão, seja de contratação ou de desenvolvimento de talentos. 

Pensando nisso, criamos este glossário com alguns dos principais termos para equidade étnico-racial. Confira!

Etnia e Raça

Os próximos termos serão explicados a partir do artigo “Uma abordagem conceitual das noções de raça, racismo, identidade e etnia”, do Prof. Dr. Kabengele Munanga (USP):

Etnia: “é um conceito sócio-cultural, histórico e psicológico.” Ou seja, um conjunto de pessoas que compartilham do idioma, estão no mesmo espaço geográfico ou possuem a mesma fé ou cultura ou cosmovisão formam etnias. Menos marcada pelas características físicas e mais pelo conjunto de costumes. 

Raça: já o conceito de raça é morfo-biológico, e ao longo dos séculos formou o conjunto populacional dito raça “branca”, “negra” e “amarela”. Diz respeito ao conjunto de hábitos, crenças e comportamentos compartilhados por meio de pessoas que também possuem características físicas semelhantes, geralmente expressadas pela cor.

Discurso de ódio

O que é discurso de ódio: costuma ser definido como manifestações que atacam e incitam ódio contra determinados grupos sociais baseadas em raça, etnia, gênero, orientação sexual, religiosa ou origem nacional.

Claro que a liberdade de expressão é um direito humano fundamental garantido pela Constituição Brasileira, mas isso não significa que qualquer pessoa possa falar qualquer coisa por aí. A liberdade de expressão termina se ela coloca em risco a liberdade de outra pessoa, e esse é o caso do discurso de ódio.

Segundo dados da ONG SaferNet Brasil, dedicada à defesa dos direitos humanos na Internet, o Brasil cultiva o discurso de ódio principalmente nas redes sociais, como Twitter, Facebook e Instagram. 

Ao analisar os gráficos com as denúncias de discurso de ódio recebidas pela SaferNet, vemos que o racismo corresponde a 28% do volume total e tem crescido bastante nos últimos anos. Desde 2011, as denúncias ligadas à discurso de ódio de cunho racial possuem o segundo maior volume, perdendo somente para a incitação a crimes contra a vida.

Ao mesmo tempo, um estudo recente realizado pelo pesquisador brasileiro e PHD em Sociologia Luiz Valério Trindade na Universidade de Southampton (Inglaterra) mostra que as mulheres negras são o principal alvo de comentários depreciativos nas redes sociais. Ele analisou mais de 109 páginas de Facebook e 16 mil perfis de usuários. O levantamento também incluiu 224 artigos jornalísticos que abordam dezenas de casos de racismo nas redes sociais brasileiras entre 2012 e 2016. Luiz Valério constatou que 65% dos usuários que disseminam intolerância racial são homens na faixa de 20 e 25 anos. Já 81% das vítimas de discurso depreciativo nas redes sociais são mulheres negras entre 20 e 35 anos.

Racismo

O que é racismo: está previsto na Lei n. 7.716/1989 e diz respeito à uma conduta discriminatória dirigida a determinado grupo ou coletividade. A lei de racismo enquadra uma série de situações como: recusar ou impedir acesso a estabelecimento comercial, impedir o acesso às entradas sociais em edifícios, discriminar nas relações de emprego, entre outros.

Conceitualmente, o racismo é mais amplo do que a injúria racial (está prevista no Código Penal e consiste em ofender a honra de alguém valendo-se de elementos referentes à raça, cor, etnia, religião ou origem), pois ele visa atingir uma coletividade indeterminada de indivíduos, discriminando toda a integralidade de uma etnia e uma raça.

As pessoas e as instituições no Brasil devem reconhecer a existência do racismo para assim avançarmos enquanto uma nação que desmistifica o mito da democracia racial (a crença de que nós, por sermos um país diverso e miscigenado, não somos um país racista e conseguimos transcender os conflitos raciais). Os EUA e a África do Sul deram importantes passos para isso no passado, ao acabar com a segregação e com o Apartheid, além de criar as ações afirmativas. 

Mas isso não quer dizer que o racismo acabou, ele apenas deixou de ser explícito e tornou-se implícito. Basta fazer o chamado “teste do pescoço” e olhar ao redor para ver que, apesar de negros constituírem a maioria da população — 54% dos brasileiros se autodeclara preto ou pardo —, sua presença é minoria nos espaços de poder, como universidades, espaços culturais, restaurantes e até mesmo o seu local de trabalho.

Racismo Institucional

O que é racismo institucional: é basicamente o tratamento diferenciado entre raças no interior de organizações, empresas, grupos, associações e instituições congêneres – segundo este artigo do Geledés.

Ivair Augusto Alves dos Santos, no livro Direitos Humanos e as Práticas de Racismo diz:

“Há racismo institucional quando um órgão, entidade, organização ou estrutura social cria um fato social hierárquico – estigma visível, espaços sociais reservados –, mas não reconhece as implicações raciais do processo.”

Segundo o Instituto Ethos, há três tipos de discriminação racial sofrida pelos negros no mercado de trabalho:

  1. Discriminação ocupacional: é o questionamento da capacidade do negro de executar tarefas mais complexas. Mesmo que esteja capacitado como os demais, o negro é vetado ou restringido de tarefas mais complexas.
  2. Discriminação salarial: ocorre pela desvalorização do trabalho exercido pelo aspecto étnico-racial, de forma a atribuir, por exemplo, remunerações inferiores a negros.
  3. Discriminação pela imagem: é a busca pela criação de um padrão de ideal estético de funcionários e prestadores de serviços. Assim, traços fenotípicos de diferentes etnias e raças são excluídos ou repreendidos em ambientes profissionais. 

Racismo Estrutural

O que é racismo estrutural: o conceito que fala sobre o racismo como se estrutura na sociedade. A nossa estrutura é, essencialmente, racista. Aqui no Brasil, o racismo é a regra e não a exceção. O racismo está presente nas nossas relações políticas, econômicas, jurídicas e até familiares. E, em todas elas, pessoas brancas ocupam um espaço de poder, de tomada de decisão e de superioridade em relação aos negros e indígenas.

Na prática, o racismo estrutural significa que o racismo está presente no nosso cotidiano e muitas vezes de maneiras quase imperceptíveis, como, por exemplo:

  • quando não encontramos pessoas negras em cargos de liderança;
  • quando vemos que negros (mesmo quando ocupam os mesmos cargos) ganham 30% a menos que os brancos ou;
  • ao vermos uma mídia quase 100% branca em um país de maioria negra, ou;
  • no preconceito em relação às religiões de matriz africana, ou;
  • quando automaticamente um homem negro se torna sinônimo de perigo e acaba sendo vítima de violência, como aconteceu com o George Floyd.

Então, podemos entender que o racismo se dá tanto por comportamentos individuais racistas, quanto por processos institucionais (dentro das nossas instituições) que não impedem que ele aconteça, retroalimentando essa nossa estrutura social desigual e discriminatória.

No seu livro “Racismo estrutural”, o advogado, filósofo e professor Silvio Almeida argumenta que o conceito de racismo estrutural é mais completo do que o olhar institucional, apesar de muitas pessoas ainda falarem de racismo institucional. O argumento dele parte do pressuposto que que o racismo não é algo essencialmente criado pela instituição, mas é por ela reproduzido. Ou seja, a instituição que não atua ativamente para reduzir a desigualdade racial está naturalizando e reproduzindo as práticas racistas da sociedade.

Segundo o “Guia de Orientação das Nações unidas no Brasil para denúncias de discriminação étnico-racial”, os processos de discriminação étnica e racial (ainda  sofrida por indígenas e negros no Brasil) são efeitos de uma estrutura social que se fundamenta em uma ideologia racista e sexista. O racismo acaba alimentando essa estrutura de desigualdades, expressando-se no dia a dia das relações interpessoais, dificultando o acesso da população negra e indígena a bens e serviços públicos, mercado de trabalho e ensino superior. Impede, também, que ela goze plenamente de seus direitos civis, sociais e econômicos. 

O vídeo do Canal Preto (idealizado pelo Ministério Público, Maria Sylvia, presidente do portal Geledés e e Helena Teodoro, voluntária Instituto de Filosofia e Ciência Sociais – IFCs) explica que o racismo estrutural tem origens históricas e sociais. Mesmo após a abolição, um conjunto de medidas tomadas pelo Estado brasileiro acabam por manter a mão de obra negra marginalizada. E, claro, esse conjunto de desigualdades no âmbito político, econômico e cultural se perpetuam até os dias de hoje.

Racismo Ambiental

O que é racismo ambiental: injustiças sociais e ambientais que atingem grupos étnicos mais vulneráveis e outras comunidades, discriminadas por sua ‘raça’, origem ou cor.

“Racismo ambiental” é um termo cunhado em 1981 pelo Dr. Benjamin Franklin Chavis Jr, líder negro pelos direitos civis, a partir de suas investigações e pesquisas entre a relação de resíduos tóxicos e a população negra norte-americana. Nesse artigo da Geledés você pode se aprofundar no assunto.

Estamos ouvindo falar bastante de racismo ambiental ultimamente, com a pandemia do coronavírus. O artigo “Racismo Ambiental e os impactos do Coronavírus na população negra” aborda esse tema no contexto atual que estamos vivendo. Ao observarmos os números, vemos que o risco de morte por COVID-19 é 62% maior entre negros no estado de São Paulo. No Espírito Santo, 42,8% de negros contra 19% de brancos. Mas, o que isso quer dizer? Que o vírus é racista?

Não, mas esse é um exemplo perfeito de como essa não é uma realidade que diz respeito só à situação socioeconômica das pessoas, mas de um contexto histórico a uma “herança racial”, que limitou os espaços ocupados pelas pessoas negras desde à época da escravidão, reverberando até hoje. Inclusive, especialistas apontam que precariedade do acesso ao saneamento básico, insegurança alimentar e dificuldades de assistência médica aumentam o risco de exposição ao vírus e morte de pessoas negras. 

Colorismo

O que é colorismo: Também conhecido como pigmentocracia, é o termo que foi denominado para a discriminação por tonalidade da pele, ou seja, quanto mais pigmentada a pele da pessoas, maior a exclusão e discriminação. Isso quer dizer que, ainda que uma pessoa seja reconhecida como negra ou afrodescendente, a tonalidade de sua pele será decisiva para o tratamento que a sociedade dará a ela.

Um exemplo de colorismo foi abordado na minissérie Self Made, da Netflix, que é uma excelente forma de conscientizar e educar. Ela foi inspirada na vida da Madame CJ Walker, a primeira mulher negra a ficar milionária por conta própria nos EUA.

Antes de se tornar dona de uma marca poderosa de beleza — que atravessaria gerações e que tem o seu rosto estampado nos produtos —, ela foi discriminada  e desacreditada por não ser reconhecida como bela, por ter a pele pigmentada e a textura crespa do cabelo.

A imagem é uma foto da personagem da Madame CJ Walker, personagem representada pela atriz Octavia Spencer na série Self Made.
A atriz Octavia Spencer protagonista da série ao reviver Madame CJ Walker – Reprodução Netflix

Viés inconsciente

O que é viés inconsciente: Segundo o professor Antônio Pereira, neurocientista do Rio Grande do Norte integrante do Projeto Implícito — uma organização colaborativa sem fins lucrativos que estuda o tema — vieses inconscientes são mecanismos do cérebro humano explicados pela neurociência como resultantes da formação e organização cerebral, baseadas tanto em nossas experiências e ambientes de vida quanto em uma herança ancestral e primitiva.

De acordo com neurocientistas, essa formação é inevitável. Entretanto, ao associar um juízo de valor a esses vieses, muitas vezes são gerados preconceitos e discriminações. E, obviamente, isso traz uma série de consequências para a nossa vida em sociedade, inclusive no ambiente empresarial.

Leia mais sobre vieses inconscientes neste outro texto do nosso blog: https://www.blend-edu.com/vies-inconsciente-nas-empresas-entenda-o-conceito-e-dicas-para-minimiza-los-na-organizacao/

Um estudo da Universidade Chicago Booth, para testar os vieses, escreveu em currículos idênticos, nomes que tradicionalmente as pessoas associam às pessoas brancas, de origem europeia (como Brendan, Greg, Emily) e nomes que eram tradicionalmente associados à comunidade afro americana (como Tamika, Aisha, Tyrone). 

Em seguida, eles perceberam que precisavam cerca de 15 currículos para que os candidatos supostamente negros recebessem uma ligação para agendar entrevista, enquanto os outros candidatos com nomes vistos como europeus só precisavam mandar 10 currículos. Ou seja, foi necessário mandar 50% mais currículos para que esse grupo osse considerado para a posição. Um vídeo sobre esse assunto foi criado há alguns anos atrás, mostrando como nosso viés está diretamente relacionado ao conceito de racismo estrutural e institucional.

Ou seja, o viés não acontece apenas em um nível individual (nas pessoas), mas também nas decisões, processos e produtos que elas desenham. Um dos grandes pesquisadores dos vieses racistas no Brasil, principalmente na tecnologia, é o Tarcízio Silva, professor e pesquisador com diversas publicações, incluindo a organização de livros como o  “Comunidades, Algoritmos e Ativismos Digitais: olhares afrodiaspóricos (2018)”

Ele criou uma Linha do Tempo do Racismo Algorítmico, que mostra como as plataformas digitais, mídias sociais, aplicativos e inteligência artificial reproduzem (e intensificam) o racismo e os vieses inconscientes nas sociedades. 

Representatividade

O que é representatividade: Os nossos vieses inconscientes e o próprio racismo estrutural fazem com que tenhamos uma baixa representatividade da população negra nos espaços de poder, de liderança, de comunicação (propaganda, mídia), dentre outros. Com isso torna-se importante falar sobre representatividade, que é, segundo Jordão Farias neste artigo, o “ato de sentir-se representado, por alguém ou movimento mais influente, geralmente nas grandes mídias. Representatividade é, também, a qualidade de nos sentirmos representados por um grupo, indivíduo ou expressão humana, em nossas características, sejam elas físicas, comportamentais ou socioculturais. É por meio desta qualidade que nos sentimos parte de um grupo, pertencentes a ele, compartilhando experiências, impressões, sentimentos e pensamentos com seus membros”.

É o que explica o estudo TODXS – Uma análise de representatividade na publicidade brasileira, realizado pela agência publicitária Heads em parceria com a ONU Mulheres, que revela que 65% das mulheres brasileiras não se sentem representados pela publicidade. Os dados revelam como a publicidade brasileira é racista quando perpetua, nos modelos e personagens, um modelo físico e um biotipo ligados quase sempre às características fenotípicas de pessoas brancas:

No vídeo “Tour pelo meu rosto”, Gabi Oliveira, do Papo DePretas, mostra como e quando se deu conta de que sua beleza era diferente da mostrada pela mídia.

Apropriação cultural

O que é apropriação cultural: Além de não estarem devidamente representados, muitas vezes a comunidade negra acaba sendo vítima de um processo de apropriação cultural, que é o ato de se apropriar de elementos de uma outra cultura da qual não pertence, desconsiderando os significados e tradições que o permeiam. Isto pode partir de um indivíduo ou da indústria.

É quando uma cultura (ou grupo) dominante utiliza símbolos, artefatos ou defende valores de uma cultura minorizada e usa esses elementos esvaziando de significado. E pior: sem dar o crédito apropriado ou abrir portas para as pessoas dessa cultura. Isso gera um apagamento de quem nunca se viu representado e vê sua cultura ganhando proporções maiores, mas com outro protagonista.

Um vídeo interessante e didático sobre o conceito de apropriação cultural é o do Spartakus Santiago, youtuber e influencer negro:

Dororidade

Se você procurar essa palavra nos dicionários, não irá encontrar. O próprio Google sugere a correção para sororidade e os editores de texto sugerem que existe o erro ortográfico. 

Os termos possuem correlação mas são bem diferentes. No livro Dororidade, a autora Vilma Piedade aborda um feminismo com sororidade – irmandade entre as mulheres – que entende e acolhe a luta da mulher negra que além de sofrer machismo, também sofre a dor do racismo.

O que é dodoridade: enquanto sororidade é a relação de irmandade entre mulheres, dodoridade é a cumplicidade entre mulheres negras, que compartilham dores específicas da experiência vivida e da luta que as une através da cor.

A imagem é uma foto da escritora Vilma Piedade durante lançamento do seu livro "Dororidade"
A escritora Vilma Piedade durante lançamento de Dororidade, na Blooks Livraria – Reprodução: Revista Cult

O conceito de dororidade é importante porque inclui a perspectiva de classe e interseccionalidade associados ao “ser mulher”. Ou seja, ele mostra que a sororidade também precisa se relacionar com a dor que mulheres trans sentem com a transfobia, que mulheres quilombolas, nordestinas e ribeirinhas sentem com a xenofobia, etc.

Essa questão da interseccionalidade e a diferença nas lutas compartilhadas especificamente por mulheres negras se baseia na realidade brasileira, está pautada em dados (apesar de ainda não serem muitas as pesquisas que cruzam diferentes perspectivas, como raça e gênero):

De acordo com a pesquisa “Estatísticas de gênero”, do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o percentual de mulheres brancas com ensino superior completo é 2,3 vezes maior do que o de mulheres negras. E apenas 10,4% das mulheres negras têm ensino superior completo. De acordo com o “Dossiê Mulheres Negras: retrato das condições de vida das mulheres negras no Brasil”, do  Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), elas estão sobrerrepresentadas no trabalho doméstico – são 57,6% dos trabalhadores nesta posição –, têm a menor presença em posições com mais seguridade social, como o emprego com carteira assinada, e são as que mais sofrem durante as crises econômicas.

A pesquisa “Mulheres e trabalho: breve análise do período 2005-2015”, feito pelo Ipea (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada) mostrou que, enquanto as negras tiveram salário médio de R$ 1.027,50, os brancos ganharam mensalmente R$ 2.509,70. Outro levantamento, este publicado em 2018 pelo Instituto Locomotiva, aponta que a renda média de mulheres negras com ensino superior é de R$ 2.918, enquanto homens brancos com o mesmo nível de graduação recebem R$ 6.702.

Branquitude

O que os brancos de um país racista podem fazer pela igualdade além de não serem racistas? O primeiro passo é reconhecer os seus privilégios como pessoa branca.

Diferentemente dos negros, que precisam lidar com questões raciais desde pequenos, os brancos não costumam enxergar sua própria raça – ou etnia. A branquitude é naturalizada, percebida como padrão, como algo universal. Para os brancos, quem tem raça são os outros. Mas, afinal, o que é branquitude? 

O que é branquitude: a UOL fez uma reportagem, “Gente Branca”, que aborda essas questões e explica o termo. O livro “Branquitude: Estudos sobre a Identidade Branca no Brasil” escrito por Tânia M. P. Müller e Lourenço Cardoso explica que “a branquitude significa pertença étnico-racial atribuída ao branco. Podemos entendê-la como o lugar mais elevado da hierarquia racial, um poder de classificar os outros como não brancos, que, dessa forma, significa ser menos do que ele. O ser-branco se expressa na corporeidade, a brancura. E vai além do fenótipo. Ser branco consiste em ser proprietário de privilégios raciais simbólicos e materiais.”

Isso quer dizer que, mesmo que a pessoa branca não seja racista, ela acessa as vantagens da branquitude. Mas também que, por não ser uma “escolha” individual, ela pode lutar contra isso. 

Combater o racismo é um trabalho de todos, todas e todes.  Vamos juntos quebrar esse padrão?  Comece compartilhando esse texto e educando-se, constantemente.

Dois materiais que disponibilizamos aqui na Blend Edu podem ajudar: “Olhe para dentro: como ser um aliado na luta antirracista” e “Como líderes podem ser aliados no debate racial”.