Acompanhar as tendências do mercado pode ser um diferencial para impulsionar a cultura organizacional da sua empresa com ações que têm transformado o mercado. Seja como forma de inovar nos produtos, manter a relevância dentro do seu setor, melhorar questões como retenção e desenvolvimento de carreira dos colaboradores, entre outros fatores.

Independentemente da área de atuação, estar por dentro de quais boas práticas estão sendo feitas é um grande diferencial para qualquer organização. Se antes as metas corporativas ambientais, sociais e de governança (ESG) eram vistas como forma de agregar valor à empresa, hoje são estratégias obrigatórias dentro do negócio.

A integração das políticas de diversidade para melhorar os resultados, promover uma cultura organizacional positiva e atrair e reter os talentos da empresa tem se tornado ainda mais relevante com o passar dos anos.

No último mês, a Blend Edu esteve presente no evento HR4results, maior evento de RH da América Latina, com dois dicas de programação híbrida (online e presencial), confira alguns aprendizados:

Como diversidade se conecta com inovação?

Esse ano, o tema principal do HR4results foi “Reinventar a realidade”. O evento contou com uma lista extensa de palestrantes, com nomes como Tadeu Schmidt, Miguel Falabella e Djamila Ribeiro, com expositores de marcas como Caju, Creditas e a Blend Edu também marcou presença. Além de diversos especialistas de RH, Diversidade & Inclusão, sustentabilidade, entre outros recortes, para agregar à programação que contou com mais de 40 horas de conteúdo.

Nossa CEO e fundadora Thalita Gelenske, participou do bate-papo sobre “Diversidade gera inovação: impactos da inclusão em processos e produtos”, com Barbara Santiago – Coordenadora de Operações e D&I na {reprograma}, Hóttmar Loch – Cofundador Nohs Somos e Isa Meirelles – Co-líder na Deficiência Tech.

O papo foi sobre a importância do tema de diversidade e inclusão fazer parte da cultura organizacional da empresa, e não visto somente como algo processual, uma responsabilidade de determinada área ou dos grupos de afinidade apenas.

É necessário trabalhar com D&I como parte do negócio. Desde os processos de desenvolvimento de produtos, Marketing, Comunicação, contratação e retenção de talentos, dentre todas as esferas da empresa. Ter um time diverso significa ter pensamentos, histórias e referências diversas e é assim que boas ideias ganham vida.

Da esquerda para a direita estão sentadas: Isa Meirelles, Barbara Santiago Hóttmar Loch e Thalita Gelenske para um bate papo no evento HR4Results 2022 sobre diversidade e inovação
Da esquerda para a direita: Isa Meirelles, Barbara Santiago Hóttmar Loch e Thalita Gelenske

Um dos pontos comentados também foi sobre entender inovação como um processo de desenvolvimento completo, e não resumir apenas à tecnologia, metodologias e ferramentas.

Segundo relatório da Getting to Equal 2019: Creating a Culture That Drives Innovation, da Accenture, consultoria multinacional de gestão, tecnologia da informação e outsourcing, empresas que possuem uma equipe mais diversa são 11 vezes mais inovadoras. Além disso, as pessoas colaboradoras dessas companhias são 6 vezes mais criativas em comparação com a concorrência.

Outro dado da McKinsey & Company, mostra que organizações com um índice alto de diversidade racial, étnica ou de gênero possuem retornos financeiros acima da média nos países em que estão alocadas.

Criatividade e dedicação caminham lado a lado

O jornalista Tadeu Schmidt foi o headliner do primeiro dia de evento e em sua palestra contou sobre a sua trajetória, quais caminhos o levou até a televisão e também trouxe algumas reflexões sobre transição de carreira.

Durante o papo, Tadeu comentou sobre o quanto investiu em si mesmo e se permitiu ser desafiado até encontrar seu real propósito profissional e entender em qual performa bem. Além disso, o apresentador do Big Brother Brasil comentou sobre a importância da criatividade caminhar lado a lado com a dedicação. Confira 3 insights principais de sua palestra:

  • Necessário ter uma boa equipe dando suporte: acolhimento, dedicação, querer fazer o melhor, ter apoio da liderança e principalmente confiança
  • Importância do feedback para pessoas que podem impulsionar seu trabalho
  • Saber o quanto você consegue se dedicar profissionalmente, mas entender seu limite

Qual o diferencial da sua marca e como você trabalha o Employer Branding?

Outra palestra de destaque foi a de Suzie Clavery, uma das fundadoras da Employer Branding Brazil e que atua como People Experience no UHG, Suzie trouxe o tema sobre a importância de trabalhar a atração, retenção de talentos e a força da marca.

Alguns pontos relevantes levantados pela profissional foi sobre o cuidado com o discurso que não condiz com a realidade da empresa, e quão importante é não mostrar mais, nem menos do que acontece dentro da organização, apenas assumir o compromisso com o que realmente acontece.

Outro fator relevante, é o quão necessário é entender como sua marca empregadora é percebida, seja dentro ou fora da empresa, e traçar uma estratégia em cima desse panorama. Essa análise pode ser feita por meio de diversos fatores, como, por exemplo, qual opinião das pessoas que estão se candidatando para as vagas sobre seu processo seletivo, como foi participar das entrevistas ou pesquisar o que falam da marca nas redes sociais. Assim como, por outro lado, fazer essa pesquisa internamente também.

Um dos pontos principais da palestra foi sobre como cada marca e empresa precisa identificar o que a torna única. Quais são seus diferenciais? O que você entrega aos colaboradores de diferente no dia a dia? Se retirarem sua logomarca das comunicações, vão saber de qual empresa estão falando?

Uma boa marca empregadora sabe quais são seus pontos fortes, e é isso que vai ajudar a trabalhar a retenção e atração de talentos, trazendo benefícios como a diminuição do turnover, redução do SLA de contratação, construir uma boa reputação com o time, entre outros fatores.

A importância de capacitar talentos e criar oportunidades no mercado

Outra temática que foi levantada em diferentes debates, foi sobre fazer a oportunidade chegar em quem precisa com uma boa estratégia de comunicação. Não basta só abrir a vaga e contratar com um olhar de diversidade, é necessário trabalhar o desenvolvimento dessas pessoas. Além da importância de entender Diversidade e Inclusão como estratégia de negócio e não responsabilidade social.

Carolina Ignarra, CEO da Talento Incluir, falou sobre as diversas barreiras e desafios enfrentados por pessoas com deficiência no mercado de trabalho e trouxe algumas boas práticas de contratação com foco em inclusão. Confira:

#1: Olhar para o valor da trajetória das pessoas e não nos rótulos

#2: Novos resultados requerem novos caminhos

#3: É preciso ter humildade no processo de desconstrução e se colocar em posição de aprendizado, não terceirizar a conscientização.

#4: Reconhecer seus privilégios não exclui a necessidade de esforços

O evento também contou com uma palestra da filósofa e escritora Djamila Ribeiro, com o tema “O que é necessário para a construção de uma nova realidade?” em que trouxe reflexões sobre inclusão social e profissional.

Djamila começou a palestra com uma importante contextualização ao público sobre o impacto do racismo estrutural na história do Brasil, assim como as nuances de uma sociedade que foi colonizada que perpetuam até hoje. A professora também levantou pontos sobre a necessidade de ações afirmativas, políticas diversas e equitativas como reparação histórica desses mais de 500 anos de apagamento e genocídio da população negra.

Djamila Ribeiro no palco do evento HR4Results 2022
Djamila Ribeiro no palco do evento HR4Results 2022

“O Brasil foi um dos últimos países da América a abolir a escravidão, após quase quatro séculos. Tivemos mais tempo com a escravidão do que sem ela nestes mais de 500 anos. E como isso impacta na construção da sociedade?”.

Um dos pontos cruciais levantados por ela, foi sobre como muitas empresas falham com seus programas de diversidade, pois não criam estratégias consistentes de inclusão e pertencimento pós contratação de pessoas que fazem parte de grupos minorizados, como pessoas racializadas, LGBTQIA+, pessoas com deficiência, etc., e como esse descuido impede com que tais grupos realmente sintam-se parte da empresa.

De acordo com Djamila, tais falhas levam à naturalização de ambientes que podem ser hostis e servir como gancho para mais situações de discriminação, piadas e “microagressões“, caso a empresa não pense na construção desse espaço psicologicamente seguro para todas as pessoas que compõem o time.

“O racismo, a homofobia e o machismo recreativos têm um caráter estratégico. É como se o tempo todo as pessoas estivessem falando que você não deveria estar lá. Em casos assim, as pessoas se defendem, dizem que é brincadeira, quando o que deveriam fazer é questionar por que foram racistas. Estamos mais preocupados com a nossa imagem do que com a dor causada no outro”.

A importância de observar o contexto social de cada pessoa, reavaliar processos, trabalhar para mitigar vieses inconscientes, e acima de novo, trabalhar uma cultura inclusiva é essencial para alcançar uma transformação cultural e criar espaços mais diversos e plurais.

Djamila finalizou sua palestra com a seguinte reflexão: “Dá trabalho, é verdade, mas queremos naturalizar as desigualdades ou mudar realidades? Culpa leva a inércia, responsabilidade leva a ação. A gente vai ser agente de dor ou de transformação?”.

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